quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Procura por barrigas de aluguer cria «fábrica de bebés» na Índia

O comércio de barrigas de aluguer na Índia movimenta mais de mil milhões de dólares por ano. Além de transformar o país numa referência mundial nessa prática, ajudou a fomentar a criação de um organizado sistema em que as mulheres que alugam as suas barrigas vivem em dormitórios supervisionados por médico, que críticos chamam de «fábricas de bebés».

Estas mulheres proporcionam aos casais sem filhos a hipótese de ter a família que sempre desejaram. Mas como é a vida destas mulheres que carregam o filho de outra pessoa por dinheiro?
«Na Índia, as famílias são muito próximas. É certo fazer qualquer coisa pelos filhos», disse Vasanti, que tem 28 anos.
«Eu alugo a minha barriga para ver os meus filhos terem tudo o que eu sempre sonhei.»
Vasanti está grávida, mas não de um filho seu. Ela está a gerar o filho de um casal japonês. Para isso ela vai receber 8 mil dólares, o suficiente para construir uma casa nova e mandar os seus dois filhos, que têm cinco e sete anos, para uma escola onde se fala inglês, algo que nunca imaginou ser possível.
«Eu estou feliz do fundo do meu coração», disse Vasanti.
Ela teve os embriões do casal japonês implantados na pequena cidade de Anand, na província de Gujarat, no noroeste da Índia, e passará os próximos nove meses a viver num dormitório com outras 100 mães de aluguer, todas pacientes de uma médica chamada Nayna Patel.
Há no máximo dez mães de aluguer em cada quarto, onde as mulheres recebem as suas refeições e vitaminas para que possam descansar. Vasanti, no entanto, não consegue ficar quieta.
«À noite eu ando por aí porque não consigo dormir. À medida que a barriga aumenta e o bebé cresce vou ficando muito entediada», disse Vasanti.
«Agora só quero ir para casa e ficar com os meus filhos e marido.»
As regras da casa proíbem as mulheres de ter relações sexuais durante a gravidez, e enfatizam que nem os médicos, nem a clínica, nem o casal que contratou a barriga de aluguer, são responsáveis por qualquer complicação.
Se a mulher estiver grávida de gémeos ela recebe uma quantia um pouco maior, 10 mil dólares. Se sofrer um aborto espontâneo nos primeiros três meses, recebe 600 dólares. O casal paga cerca de 28 mil dólares pela gravidez que resulta num nascimento bem-sucedido.

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