terça-feira, 8 de outubro de 2013

Morreu, mas só no Facebook


Vítor Duarte, de 20 anos, descobriu na net que tinha ‘morrido' num acidente de automóvel.

Andreia Pinto, de 19 anos, não ganhou para o susto quando recebeu uma mensagem escrita no telemóvel que lhe dizia que o ex-namorado, Vítor Duarte, de 20 anos, tinha morrido num acidente de automóvel. Quem enviou a mensagem utilizou, provavelmente, um cartão recarregável de que depressa se livrou após a brincadeira de mau gosto. "Tentei ligar logo para o número, mas estava desligado. Agora, nos últimos dias, já nem está atribuído", conta Andreia Pinto ao CM.
Mas a história da falsa morte não ficou por aqui. Pouco dado às novas tecnologias, Vítor Duarte "só utilizava o Facebook para falar com familiares que estão no estrangeiro" e tinha apagado recentemente a conta na rede social. Antes disso, guardaram duas das fotos que tinha como públicas no Facebook e, para ‘encenar' a sua morte, criaram-lhe uma nova conta e uma página de fãs para homenagem.


Página de homenagem a Vítor Duarte, após a falsa morte
"Segundo as autoridades, o despiste de automóvel deu-se esta madrugada, às 2h00, e matou dois jovens de 19 e 20 anos. R. I. P. Vítor Duarte", podia-se ler na falsa página do jovem no Facebook.
Quando viu as páginas, Vítor nem queria acreditar. "Desatei a rir. Estava vivo e morto ao mesmo tempo. Mas quando as pessoas me começaram a ligar percebi que era uma situação complicada. O meu telemóvel não parou", recorda o jovem.
Com a ajuda dos amigos, Vítor Duarte desativou ambas as contas e poucos familiares se preocuparam com o incidente. "Não faço a mais pequena ideia de quem possa ter sido. Nunca tive grandes discussões com amigos", diz Vítor.
NÃO APRESENTOU QUEIXA À POLÍCIA
Apesar do pânico que a situação causou aos seus amigos, Vítor Duarte não envolveu as autoridades no caso. Mesmo que o tivesse feito, os responsáveis não poderiam ser punidos.
"Usar uma identidade alheia não constitui, só por si, uma conduta criminosa. Os ‘ladrões de identidade só serão punidos se estiverem a cometer, por exemplo, um crime de burla, falsificação ou uso de documento de identificação ou de viagem alheio", explica Fernanda Palma, professora catedrática de Direito Penal.
JOVEM NÃO QUER VOLTAR A USAR UMA REDE SOCIAL
Depois do susto, o jovem diz que não quer voltar a ter qualquer rede social e revela que alguns amigos chegaram mesmo a apagar também as suas contas no Facebook. "Agora só e-mail", desabafa Vítor Duarte.
Habituado a lidar com os problemas que as redes sociais causam na vida das pessoas, Tito Morais, fundador do site ‘MiudosSegurosNa.Net', considera a atitude do jovem demasiado radical. "Compreende-se, mas tenho pena que seja assim. Está-se a privar de uma série de contactos com os amigos. Esse devia ser o castigo mínimo para quem lhe fez isso", afirma Tito Morais.

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