As lesões e traumatismos na sequência de acidentes continuam como a
primeira causa de morte nas crianças e jovens em Portugal, com taxas
"muito elevadas", uma realidade que preocupa a Sociedade Portuguesa de
Pediatria. "A pediatria tem sofrido uma evolução notável nas últimas
décadas (...). Há, todavia, áreas em que muito teremos ainda que
melhorar. Uma delas é a dos acidentes com crianças e adolescentes onde
se registam taxas muito elevadas", declarou à agência Lusa o presidente
da Sociedade de Pediatria, António Guerra.
Este será um dos temas a debater no 14.º Congresso Nacional de
Pediatria, que reunirá no Porto cerca de mil profissionais entre hoje e
sábado. Segundo a Associação para a Promoção de Segurança Infantil
(APSI), o relatório de 2012 da Aliança Europeia de Segurança relativo a
Portugal conclui que as lesões e os traumatismos na sequência de
acidentes ainda são primeira causa de morte nas crianças e jovens dos 0
aos 19 anos.
Dados de 2009 mostram que em Portugal morreram nesse ano 152 crianças e
jovens por acidente. As estimativas indicam que, se o país estivesse ao
nível da Holanda, 40 dessas mortes poderiam ter sido evitadas.
Segundo Helena Sacadura Botte, da APSI, nos últimos 20 anos, Portugal
teve "uma redução importante" na mortalidade por traumatismos e lesões
não intencionais em crianças e jovens, embora o número de mortes seja
"apenas a ponta do icebergue desta realidade".
Estudos indicam que por cada criança que morre num acidente rodoviário
há 131 que ficam feridas. Por cada morte num afogamento há uma ou duas
crianças internadas e por cada uma que morre numa queda há 385
internadas.
De acordo com a APSI, a segurança de ciclistas é a área com maior
fragilidade, seguida da segurança de peões, da prevenção de afogamentos,
quedas e asfixia/estrangulamento.
O relatório europeu de segurança infantil relativo a 2012 indica ainda
que Portugal tem muito a fazer na área das infra-estruturas de apoio à
segurança infantil e juvenil.
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