sexta-feira, 3 de maio de 2013

É o amor: Perdoa homem que a escravizou

Durante quarenta anos, Maria Eugénia foi escravizada pelo marido, que a espancava e a prendia em casa com cadeados, mas nem assim consegue ter mágoa do companheiro, Manuel Pereira.


O Tribunal de Águeda deu-lhe a oportunidade de pedir uma indemnização ao agressor, mas a mulher recusou. O Ministério Público pediu a condenação do reformado, de 81 anos, a uma pena de prisão efetiva.
Maria Eugénia, que segundo os relatórios médicos sofre de um atraso mental, voltou ontem ao tribunal para depor. Fê--lo na ausência do companheiro – que está solto, mas proibido de contactar a vítima, por ordem da juíza-, e voltou a reiterar o seu amor pelo agressor, o único homem que conheceu em toda a vida. Assumiu a culpa pelas agressões de que era vítima no casebre, sem água nem luz, em Serém de Baixo, na freguesia de Valongo do Vouga, Águeda.
"Se às vezes eu estivesse calada, ele já não me batia. Acredito que ele ficou ‘escaldado’ e não volta a fazer outra", afirmou a mulher, que atualmente vive numa casa-abrigo. "Não me interessa a indemnização, eu queria era vê-lo, pois tenho uma grande paixão por ele", acrescentou no tribunal.
Para o Ministério Público, esta atitude é normal em "alguém que foi manietado toda a vida e tem relação de dependência" com o agressor. "O sistema judicial tem de proteger as vítimas indefesas, mesmo quando elas não querem. Por isso tem de manter o agressor afastado da vítima e condená-lo à prisão", concretizou o procurador. n

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