quarta-feira, 10 de abril de 2013

GNR e orgias com menores

José António Tadeia, cabo da GNR de Idanha-a Nova, escolhia crianças oriundas de famílias humildes. Sabia que facilmente conseguia aliciá-las com a possibilidade de terem brinquedos, roupa, ou até um prato de comida. Durante anos, juntamente com a amante Paula Vaz, abusou de quatro crianças. Ofereciam às vítimas entre cinco e 50 euros para que participassem nas orgias. O dinheiro aumentava consoante a violência dos atos.
O militar, que está em prisão preventiva desde setembro do ano passado, foi agora acusado de 14 crimes, entre os quais abuso sexual de crianças, violação e recurso à prostituição de menores. A cúmplice, que está em domiciliária, responde por oito crimes sexuais. Serão julgados em breve.
O processo, que o CM consultou, revela que as primeiras vítimas de José António Tadeia foram duas irmãs gémeas, na altura com apenas sete anos. Começaram a ser abusadas em 2001. O militar levava as crianças para sua casa, onde assistiam a filmes pornográficos. As irmãs eram depois sujeitas a atos sexuais, crimes que se prolongaram até as vítimas completarem 15 anos.
Com o passar do tempo, o cabo da GNR deixou de recear que descobrissem o que fazia em segredo. Levava as menores para a barragem Marechal Carmona, em Idanha-a-Nova, onde as forçava a sexo. Chegou também a arrastar uma das irmãs para a casa de banho pública do parque municipal, localizado a apenas 50 metros do posto da GNR. Estava fardado quando violou a criança.
Em 2006, o pedófilo, de 45 anos, começou a relação com Paula, de 36. Forçaram então pela primeira vez uma das gémeas a participar nas orgias sexuais. Tentaram que a irmã também se envolvesse nos atos, mas aquela percebeu que algo estava errado e recusou.
José António Tadeia não descansou. Tentou sempre aliciar mais menores. Em locais público mostrava os órgãos genitais a crianças e convidava-as para terem sexo. Em 2010, o cabo fez mais vítimas: duas amigas, de 12 e 13 anos, agora institucionalizadas.
A criança mais nova perdeu a virgindade numa orgia com o casal. O cabo da GNR forçou primeiro a menor a assistir às cenas de sexo que manteve com a amante. Depois obrigou-a a participar. Os atos eram bastante violento e a menor foi violada com recurso a vibradores.
A menina, que foi abusada até ao ano passado, teve ainda de levar a amiga para os encontros. Esta última foi agarrada pelos braços por Paula para que fizesse sexo oral ao GNR. Durante os dois anos que se seguiram, as duas amigas participavam todas as semanas em orgias na casa de Paula. O cabo dizia que se não guardassem segredo, seriam espancadas. Convenceu também as menores de que nada lhe podia acontecer.
A menor de 12 anos acabou por ser envolvida no mundo da prostituição. Manteve sexo com um vizinho, de 58 anos, e com um outro homem, de 49. Ambos serão julgados por atos sexuais juntamente com o militar e a amante, embora os crimes não estejam relacionados.

José António Tadeia garantia às menores que nunca seria apanhado pelas autoridades, uma vez que era GNR, e muito menos punido. As menores acreditavam no pedófilo e mantiveram o silêncio.
"Ele era militar, ninguém iria acreditar em mim. Há muito que as pessoas comentavam que ele fazia isto e continuava em liberdade", afirmou uma das menores no processo.
O caso apenas foi descoberto em julho do ano passado. O professor da menor que, entretanto, manteve relações com outros dois homens, apercebeu-se de que algo se passava . Chamaram a Comissão de Proteção de Menores, e a vítima contou tudo. Rapidamente a PJ chegou às outras crianças. Também elas relataram os abusos a que foram sujeitas.
José António Tadeia negou em primeiro interrogatório, no Tribunal de Idanha-a-Nova, os atos que cometeu. Disse estar a ser alvo de uma cabala. A amante Paula Vaz recusou, também numa primeira fase, ter cometido qualquer crime. Momentos depois, confessou que participava nas orgias. "Ele é um porco... forçou me a realizar as fantasias sexuais que tinha com menores", disse Paula à PJ.
A arguida alegou que era coagida pelo GNR a participar nos atos sexuais. Dizia que o homem lhe batia se não acedesse a participar nas orgias com crianças. A tese não convenceu a Judiciária.
A Acusação diz que o militar da GNR cometeu os crimes durante o horário de trabalho. Em algumas ocasiões, José António Tadeia saiu do posto no qual se encontrava ao serviço e foi a casa de Paula, onde teve sexo com as crianças. "Ele dizia que tinha de ser rápido porque estava a trabalhar", contou a arguida.

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