quinta-feira, 4 de abril de 2013

Crianças em risco

Joana Trigó, presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) da zona oriental do Porto, alerta que as crescentes dificuldades económicas e o desespero em que vivem muitas famílias poderão estar na origem do aumento de número de casos de negligência e maus tratos a menores, registado em 2013.
Na zona Oriental do Porto, que agrega as freguesias de Campanhã, Santo Ildefonso e Bonfim, foram sinalizadas até 31 março 114 crianças em situação de perigo, mais oito por mês do que em 2012, umas por negligência associada a carências económicas, outras por violência familiar.
"O ano passado, gerimos 852 processos de menores em risco, 374 dos quais abertos ao longo de 2012, embora com uma incidência bastante maior a partir do verão", refere Joana Trigó, convicta que a prevenção dos riscos "é o melhor remédio para evitar cenários ainda mais negros".
No mês em que se celebra as prevenção dos maus tratos infantis, a CPCJ do Porto Oriental optou por reforçar este ano a campanha de alerta contra a violência, tendo como mensagem chave "Os direitos das Crianças não param à porta da sua casa. Eduque sem violência".
Apesar da freguesia de Campanhã, com 12 bairros sociais e um elevado número de desempregados, ser a mais problemática, Joana Trigó lembra que a violência doméstica "não é um exclusivo de famílias carenciadas", razão pela qual a CPCJ irá levar a campanha de alerta a todas as escolas e centros de saúde da sua aárea de influência.

A maior parte dos casos de menores sinalizados chegam à CPCJ através da PSP, avisada para os cenários de maus tratos, negligência ou de carências alimentares pelas próprias vítimas, familiares ou vizinhos.
As escolas são a segunda via de alertas, embora a presidente da Comissão afirme que são cada vez mas frequentes "as queixas apresentadas por jovens vítimas de maus tratos".
Em 2012, a CPCJ remeteu para tribunal 103 processos e arquivou 214 por entender que cessara o perigo devido à colaboração dos pais, entrega dos menores a familiares próximos ou, "em casos residuais", à institucionalização das crianças.
O Bonfim é a segunda freguesia a registar um aumento do número de crianças negligenciadas, situação que Joana Trigó explica com a concentração de 'ilhas' no local. "Há casais a regressar a estas casas degradadas, unidas por um corredor comum, muitas com casa de banho colectiva, mas muito baratas".

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