quinta-feira, 14 de março de 2013

Há quem as prefira cozinhadas...

Gilberto Valle, um polícia novaiorquino de 28 anos, foi nesta terça-feira considerado culpado, por um tribunal de júri, de planear o rapto, violação e execução de várias mulheres, que depois pretendia cozinhar e comer. Entre as potenciais vítimas estava a sua própria mulher, de quem se encontrava separado. Além destas acusações, Valle, pai de uma criança de um ano, foi também considerado culpado de aceder a uma base de dados do governo para recolher dados sobre eventuais alvos.
No julgamento, que se prolongou por quatro dias, a defesa do agente policial procurou provar que o comportamento de Valle se limitou a exprimir fantasias, nunca postas em prática. A acusação, por seu lado, assentou o processo na convicção de que, face à extensão de indícios recolhidos, Gilberto Valle considerava a hipótese de pôr em prática os seus planos se conseguisse não ser punido.
O tribunal deu como provado que Valle participou em diversos fóruns onde se trocam ideias sobre rapto e tortura, bem como a forma de cozinhar humanos. A análise ao seu computador e telefone portátil demonstrou que além de diversos posts onde pormenorizava o que pretendia fazer às vítimas, o agente tinha pesquisado ações concretas, entre elas os melhores químicos para deixar uma mulher inconsciente.
Ao todo, além da sua própria mulher, mais cinco potenciais vítimas foram alvo de pesquisas pormenorizadas por parte do agente policial. «O acusado deixou o seu universo de fantasias e passou para o mundo real. A sua detenção interrompeu um plano para raptar, torturar, violar e cometer outros atos horríveis em jovens mulheres», afirmou a Procuradora, Hadassa Waxman, nas alegações finais.
A estratégia da defesa, por seu lado, passou por assumir os «fetiches bizarros» do seu cliente, mas sublinhar que nunca houve qualquer ato concreto que pusesse em risco as mulheres visadas. Todos os excertos de conversas em chats, SMS e mails recolhidos não têm «mais realidade do que teorias sobre invasões de extraterrestres», sustentou a advogada Julia Gatto.
Em outro caso resultante deste, que será julgado autonomamente, Valle é acusado de conspirar, com outro utilizador de um fórum dedicado a este tipo de fetiches o rapto de uma mulher, a troco de 5 mil dólares. O antigo agente teria feito várias chamadas telefónicas nas imediações da residência de uma mulher cujo rapto teria sido encomendado por um homem de New Jersey, que também irá a julgamento.
Detido em outubro do ano passado, Gilberto Valle, que integrou o departamento policial de Nova Iorque durante seis anos e meio, vai continuar em prisão preventiva. Só a 19 de junho ficará a saber a extensão da pena a que será condenado, que pode ir até prisão perpétua.

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