quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Abusos no seio da família revelam perfil 'mais severo' do agressor

A maioria (51%) dos abusadores de menores são familiares das vítimas, muitas vezes os próprios pais biológicos, padrastos ou tios.Mas raramente estes agressores chegam à penetração e, em regra, não agem em conjunto com outros abusadores.
Quando um caso como este acontece, explica a psicóloga criminal da Escola da Polícia Judiciária, Cristina Soeiro, está-se perante um perfil “intra-familiar agressivo”, em que o agressor pratica abusos sexuais com um grau de violência “superior” ao comum, sobre vítimas com menos de 10 anos, e muitas vezes em conjunto com outro familiar.
“O mais comum, quando há co-autoria, é os padrastos abusarem das crianças, em conjunto e com a conivência das mães”, explica a especialista, que se refere a estes abusadores como pessoas com várias perturbações de personalidade.
“Geralmente, têm habilitações elevadas, sabem muito bem zelar pelos seus interesses e apresentam perturbações da personalidade, como a psicopatia”. Estas características tornam-nos “manipuladores” e “capazes de exercer coacção física e psicológica sobre as vítimas e outras pessoas”.
Agressores têm ‘relação disfuncional com as mães’
Dentro deste grupo, há ainda uma franja de abusadores que mantém uma “relação disfuncional” com as mães, havendo uma “simbiose de grande dependência”.
Ou seja, quando o pai abusa do filho, de apenas três anos, ao ponto de haver penetração, e na presença de outro familiar estamos perante um “perfil menos frequente e de maior nível de gravidade”.
Desde logo, pela tenra idade da vítima. “Os agressores que preferem crianças menores de 10 anos e do sexo masculino têm índices de reincidência mais elevados e geralmente sofrem de parafilias (transtorno da sexualidade), como a pedofilia”.
Quando o abuso é centrado no próprio filho, “a disfuncionalidade ainda é maior, porque não funcionaram os padrões de protecção” normais na relação entre pais e filhos. E o facto de haver penetração “denota ainda mais disfuncionalidade”, tendo em conta que o abuso de crianças com menos de dez anos “geralmente” não vai além de “actos de masturbação”.
No ano passado, segundo o Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna, a Polícia Judiciária deteve 86 suspeitos, a maioria do sexo masculino, por abuso sexual de criança e constitui arguidas outras 409 pessoas por este crime. A maioria das vítimas tem entre oito e 13 anos.
sonia.graca@sol.pt

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