quarta-feira, 19 de março de 2014

Co-adopção. "Estamos cansados que opinem sobre a nossa vida"




Nuno Viegas vive com o filho e com o marido há nove anos
Bruno tem 14 anos e nos últimos tempos baixou as notas, culpa de um desgosto de amor. "Já levou um puxão de orelhas. Tem andado aborrecido porque acabou com a namorada, mas entretanto já arranjou outra", conta o pai, Nuno Viegas. Bruno vive desde os cinco anos com o pai, publicitário do Porto, e o companheiro do pai. E foi um dos maiores entusiastas da ideia de que os dois casassem "para poder ter uma irmã ou um irmão". O casamento aconteceu no ano passado, mas a chegada de um novo filho teve de ser adiada. "Porque a partir do momento em que casámos perdemos o direito a alargar a família", explica Nuno Viegas.
Seria de esperar que o casal estivesse ansioso pelo resultado da votação de hoje, mas o sentimento é outro. "Estamos cansados que discutam e opinem sobre a nossa vida, quando não a vivem", resume o publicitário. Até porque, acrescenta, aconteça o que acontecer "há sempre maneiras de contornar" questões como, por exemplo, o futuro de Bruno se o pai morrer. "Temos a sorte de ter famílias óptimas, que nos apoiam, compreendem e com quem acertámos facilmente todas essas questões", diz o publicitário. No que diz respeito a bens, Nuno Viegas recorda que tudo pode ser salvaguardado através de um testamento e acordos entre família.
Já outros problemas são de solução mais difícil: quando a discussão sobre o referendo se instalou recentemente nas televisões, Bruno percebeu do que se falava. "Eu sou adulto e consigo lidar com tudo, mas o meu filho foi brutalmente agredido através de uma manobra puramente política", atira o publicitário. "Ele já tem idade para compreender as coisas e a ideia que lhe passaram é que ele não é igual aos outros meninos, tem alguma coisa de errado e não tem o direito a ter dois pais", remata Nuno Viegas.

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