Desde 2011, têm sido detectados mais casos de violência doméstica que
atingem a criança. Os números oficiais ainda não estão disponíveis, mas o
presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens,
Armando Leandro, admite um crescimento do número de situações que põem
em perigo a estabilidade da criança.
“A partir de Setembro de
2001 e o primeiro semestre de 2012, há mais casos detectados de
violência doméstica, quer aqueles dirigidos directamente à criança quer
aqueles a que ela assiste, que perturbam o bem-estar da criança”.
Sem
querer levantar muito o véu, Armando Leandro garante que os dados
oficiais vão ser conhecidos na próxima semana e que revelam já uma
tendência crescente desde meados do ano passado.
O presidente da
Comissão Nacional recusa relacionar a tendência com a crise, mas admite
que as dificuldades económicas crescentes podem potenciar as várias
causas do problema.
O mesmo acontece com a realidade vivida na
Comissão de Crianças e Jovens da Cidade do Porto Oriental. A directora,
Joana Trigó, fala em mais 150 novos casos de crianças em risco
referenciadas, só nos primeiros três meses deste ano.
“Se continuarmos neste ritmo, é preocupante”, reconhece à Renascença.
Joana
Trigó admite também que se trata de uma tendência transversal na cidade
do Porto e que, na maior parte dos casos, os casos registados estão
directamente ligados com as dificuldades económicas das famílias.
O
mesmo pensa o conselheiro do Comité Económico Social Europeu Jorge
Pegado, para quem “é quase certo” que a situação se agrave com a
degradação das condições económicas.
“Dos pareceres que nós
fizemos, e contam-se já para mais de dez, relativamente à violência
doméstica e, designadamente, contra as crianças, uma das coisas que
identificámos foi que as condições económicas têm repercussão nas
condições sociais e estão na génese de uma série de situações de
violência contra as crianças”, refere à Renascença.
Ouça também a reportagem da Renascença na Obra do Frei Gil no Porto (em áudio, no cimo da notícia).
Nenhum comentário:
Postar um comentário