Joana Trigó, presidente da Comissão de
Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) da zona oriental do Porto, alerta
que as crescentes dificuldades económicas e o desespero em que vivem
muitas famílias poderão estar na origem do aumento de número de casos
de negligência e maus tratos a menores, registado em 2013.
Na zona Oriental do Porto, que agrega as freguesias de
Campanhã, Santo Ildefonso e Bonfim, foram sinalizadas até 31 março 114
crianças em situação de perigo, mais oito por mês do que em 2012, umas
por negligência associada a carências económicas, outras por violência
familiar.
"O ano passado, gerimos 852 processos de menores em
risco, 374 dos quais abertos ao longo de 2012, embora com uma incidência
bastante maior a partir do verão", refere Joana Trigó, convicta que a
prevenção dos riscos "é o melhor remédio para evitar cenários ainda mais
negros".
No mês em que se celebra as prevenção dos maus tratos
infantis, a CPCJ do Porto Oriental optou por reforçar este ano a
campanha de alerta contra a violência, tendo como mensagem chave "Os
direitos das Crianças não param à porta da sua casa. Eduque sem
violência".
Apesar da freguesia de Campanhã, com 12 bairros sociais
e um elevado número de desempregados, ser a mais problemática, Joana
Trigó lembra que a violência doméstica "não é um exclusivo de famílias
carenciadas", razão pela qual a CPCJ irá levar a campanha de alerta a
todas as escolas e centros de saúde da sua aárea de influência.
A maior parte dos casos de menores sinalizados chegam à
CPCJ através da PSP, avisada para os cenários de maus tratos,
negligência ou de carências alimentares pelas próprias vítimas,
familiares ou vizinhos.
As escolas são a segunda via de alertas, embora
a presidente da Comissão afirme que são cada vez mas frequentes "as
queixas apresentadas por jovens vítimas de maus tratos".
Em 2012, a CPCJ remeteu para tribunal 103 processos
e arquivou 214 por entender que cessara o perigo devido à colaboração
dos pais, entrega dos menores a familiares próximos ou, "em casos
residuais", à institucionalização das crianças.
O Bonfim é a segunda freguesia a registar um aumento do
número de crianças negligenciadas, situação que Joana Trigó explica com
a concentração de 'ilhas' no local. "Há casais a regressar a estas
casas degradadas, unidas por um corredor comum, muitas com casa de banho
colectiva, mas muito baratas".
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