A mulher acusada de maltratar e matar os filhos menores em Alenquer
confessou esta quarta-feira em tribunal que cometeu os crimes para se
vingar do pai, de quem pretendia separar-se, para aquele «não ficar com
as crianças».
«Só ateei fogo ao sofá para matar as crianças pela
inalação de fumo e não pelas chamas, porque sabia que era tóxico», disse
a arguida ao coletivo de juízes, presidido por Isabel Calado, sem se
emocionar.
Kely Oliveira está acusada de dois crimes de homicídio qualificado, um de incêndio, um de dano e outro de maus tratos.
«Eu
não ficava com os meus filhos [de um e dois anos], mas ele [companheiro
e pai das vítimas] também não ficaria», justificou, explicando que a
relação conjugal não andava bem, porque não só aumentavam as discussões e
agressões físicas, mas também porque o marido «só ligava às crianças» e
pretendia separar-se.
Como o marido, alegou a mulher, não a
deixava levar os filhos ao Brasil para a família dela os conhecer e a
ameaçava de que iria ficar com a custódia dos menores, «sabia que perdia
a ação judicial porque estava ilegal e desempregada» e decidiu atuar.
«Era incapaz de viver sem os meus filhos perto de mim», disse.
A
afirmação levou a juíza a questioná-la se, depois de os matar também
não os afastou de si. A arguida respondeu que, por isso, está a «sofrer
muito», afirmando que o agudizar da relação conjugal estava a
prejudicar-lhe a sua saúde mental.
Apesar de confessar os factos,
recusou tê-los planeado. Ainda que uma semana antes tenha tentado matar
os filhos e suicidar-se, pondo fogo à casa, justificou que voltou a
usar o mesmo método, concretizando-o no dia 19 de dezembro, pelo facto
de ela e o marido terem discutido nessa manhã e de ter sofrido um murro
dele.
Nesse dia, segundo o MP, aproveitando o facto de estar
sozinha em casa com os filhos, fechou-os no quarto, deitou-os na cama e
pôs fogo àquela divisão. Ateou fogo a um sofá com um isqueiro.
Fez
as malas, deixou uma carta ao companheiro, a responsabilizá-lo e a
chamá-lo de «demónio», e fugiu, telefonando à sogra a dizer que «pegou
fogo à casa e [que] os meninos morreram», o que veio a acontecer.
É
também acusada de maus tratos por, em agosto, ter arrastado o filho
mais velho pela mão, vindo este a cair várias vezes, a bater com a
cabeça no poste e a sofrer ferimentos nos pés, por caminhar descalço.
A mulher, de 31 anos, que aguarda julgamento em prisão preventiva, foi detida quatro dias depois pela Polícia Judiciária.
O
julgamento segue esta tarde no Tribunal de Alenquer, com a continuação
do depoimento da arguida e a audição de várias testemunhas de acusação.
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